A Rede Brasileira de Estudos da China é uma rede científica multidisciplinar dedicada à promoção do conhecimento, pesquisa e exercício profissional em torno da China.
Em 23 de outubro de 2018, em Belo Horizonte, sob o patrocínio da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), foi realizado o I Encontro da Rede Brasileira de Estudos da China
(RBChina). Criada em 2017, a Rede tem por objetivo aprofundar e sistematizar a discussão e a produção de conhecimento sobre a China e o seu relacionamento com o Brasil e com outros foros
internacionais. Para tanto, a RBChina conta com a contribuição de aproximadamente 170 profissionais das mais variadas áreas, como acadêmicos, jornalistas, estudantes, advogados, diplomatas, cientistas, consultores, artistas, militares e empresários. Considerando os desafios impostos pela conjuntura internacional e nacional, notadamente o advento de um novo governo, a tomar posse em 2019, os membros da RBChina, abaixo relacionados, julgam importante compartilhar sua visão sobre a importância das relações sinobrasileiras, conforme descrito a seguir.
O estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a República Popular da China ocorreu em 15 de agosto de 1974, durante o governo do presidente Ernesto Geisel. Em 1984, o presidente João Figueiredo fez a primeira visita de um chefe de estado brasileiro ao país asiático. Em 1988, no governo Sarney, foi assinado acordo para cooperação na construção de satélites, ponto de partida do programa CBERS (“China-Brazil Earth Resources Satellite”). Em 1993, na gestão de Itamar Franco, foi firmada a Parceria Estratégica Brasil-China. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), teve início o processo de internacionalização de empresas brasileiras naquele país, com investimentos da Embraco, Embraer e Marcopolo. Em 2003, sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi criada a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN). Em 2012, sob a presidência de Dilma Rousseff, o relacionamento foi elevado ao nível de “Parceria Estratégica Global”. Por fim, em 2017, no governo Michel Temer, foi criado o Fundo Brasil-China de Cooperação para Expansão da Capacidade Produtiva.
No plano bilateral, esse relacionamento se traduz em uma ampla agenda de cooperação em diversos setores, como comércio; investimentos; energia; meio ambiente; ciência, tecnologia e inovação. Neste último campo, são dignos de nota, além do programa CBERS, parcerias nas áreas de nanotecnologia, novas energias, pesquisa genômica e tecnologia agrícola. No plano multilateral, merece destaque a atuação coordenada dos dois países em foros como o BRICS, o G-20 comercial, na OMC, e o grupo BASIC, nas negociações sobre mudança do clima. A atuação concertada em instituições desse gênero contribui para construir consensos e ampliar a influência dos dois países em âmbito internacional.
Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2017, o superávit comercial brasileiro com o país asiático alcançou U$22 bilhões. Soma-se a isso o peso da China como importante investidor no país, com um estoque de mais de US$ 54 bilhões em diversos setores, com destaque para infraestrutura, tecnologia da informação e indústria automobilística. Setores fundamentais da economia brasileira dependem do mercado chinês, notadamente o agronegócio, como as cadeias da soja e do milho, a produção de proteína animal e de papel e celulose, assim como a mineração e o setor de petróleo. A China é também grande fornecedora de equipamentos e componentes importantes para a atividade industrial no Brasil.
No âmbito financeiro, capitais chineses sob a forma de investimento direto e de empréstimos desempenham papel destacado no setor energético brasileiro, tanto na área de petróleo e gás como na área de geração e transmissão de eletricidade. Há também grande potencial para emprego de recursos chineses em projetos de infraestrutura logística, setor cujo desenvolvimento é vital para o crescimento sustentado de nossa economia. Apenas o Fundo Brasil-China de Cooperação para Expansão da Capacidade Produtiva disponibiliza um total de US$ 20 bilhões para áreas como infraestrutura e modernização industrial. São também dignas de nota as oportunidades de financiamento oferecidas pelo Novo Banco de Desenvolvimento, o “banco do BRICS”, que tem sede em Xangai e em breve abrirá um escritório regional no Brasil.
Numa conjuntura em que as instituições multilaterais estão sob questionamento, e em que o protecionismo comercial tem criado dificuldades para o crescimento da economia mundial, é importante valorizar a parceria com países que reafirmam o multilateralismo e o primado da lei na resolução de controvérsias, como propugnam Brasil e China, notadamente no marco da Organização Mundial do Comércio.
Em vista do que precede, a comunidade de profissionais reunida no âmbito da RBChina chama a atenção da sociedade brasileira e de seus representantes eleitos para a necessidade de cultivar
e aprofundar a parceria de amplo escopo existente entre o Brasil e a China, que se estende pelos campos político, econômico, cultural, científico e tecnológico. Um relacionamento nesses moldes com um dos principais atores da cena internacional é consentâneo com a melhor tradição da política externa brasileira, caracterizada pelo universalismo, pelo equilíbrio e pela independência, e contribui de forma inequívoca para a promoção do interesse nacional. Como grupo de estudiosos
e profissionais atuantes nesse campo, assumimos o compromisso de produzir conhecimentos úteis para a identificação de oportunidades e para o fortalecimento da relação entre o Brasil e a China.
Criada em 2018, a Rede Brasileira de Estudos da China (RBChina) tem por objetivo aprofundar e sistematizar a discussão e a produção de conhecimento sobre a China e o seu relacionamento com o Brasil e outros foros internacionais. Para tanto, a RBChina conta com a contribuição de aproximadamente 400 profissionais das mais variadas áreas. Seu VI Encontro Nacional está previsto para 24, 25 e 26 de outubro deste ano na UFABC em São Bernardo do Campo (SP).
Considerando os desafios impostos pela conjuntura internacional e a oportunidade de adensar a parceria estratégica sino-brasileira com o advento do novo governo no Brasil, os membros da RBChina, abaixo relacionados, julgam importante compartilhar sua visão para as relações Brasil-China e o papel destes países no mundo, por ocasião da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em março de 2023, conforme exposto a seguir.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2022, o superávit comercial com o país asiático alcançou o recorde de US$ 61,8 bilhões. Soma-se a isso o peso da China como importante investidor nas mais diversas indústrias do Brasil, com um estoque de mais de US$ 70 bilhões.
Todavia, a relação entre Brasil e China foi marcada por forte animosidade no quadriênio 2019/2022. Apesar de ter avançado em números, pouco foi feito para cultivar e aprofundar uma parceria de amplo escopo entre os dois países, que possuem imenso potencial de cooperação nos campos educacional, científico, ambiental, tecnológico, cultural, político e econômico.
É preciso recuperar o tempo perdido. Mais do que normalizar as relações sino-brasileiras, o governo brasileiro deve ver a China como um parceiro para potencializar políticas estruturantes da transição do Brasil para uma economia sustentável e posicionar o país frente às grandes transformações dos espaços de decisão globais. Exemplo disso é a contribuição que a China pode dar para o esforço de reindustrialização com sustentabilidade do Brasil - via transferência e desenvolvimento conjunto de tecnologias e de investimentos em setores capazes de aumentar a complexidade econômica, gerar novos empregos, reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa - e integrar o Brasil a novas cadeias globais de valor. É o momento de pensar em parcerias econômicas e tecnológicas de médio prazo, por exemplo, por meio da criação de hubs de pesquisa, desenvolvimento e inovação que articulem investimentos chineses com o esforço de gerar capacidade tecnológica endógena no Brasil.
Em uma conjuntura internacional em que as instituições multilaterais estão sob questionamento, e o protecionismo comercial, a pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia criam dificuldades para o crescimento da economia mundial, é importante valorizar a parceria com países que reafirmam o multilateralismo e o primado do direito internacional na resolução de controvérsias, como proponham Brasil e China, notadamente na agenda de desenvolvimento das Nações Unidas e no marco da Organização Mundial do Comércio.
Longe da lógica de soma-zero da crescente tensão EUA- China, os presidentes Lula e Xi Jinping coincidem na visão de uma ordem global baseada em uma nova forma de progresso humano, em que a pobreza não pode existir, a prosperidade é comum e a harmonia com a natureza é crucial. O Brasil, sob a liderança de Lula, tem a possibilidade de converter os desafios da atual conjuntura internacional em oportunidade para construir pontes entre grandes potências, economias emergentes e países em desenvolvimento. E, dessa forma, buscar construir soluções conjuntas e o necessário financiamento para acelerar o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável no mundo. A atuação conjunta dos países no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e no Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) potencializam esse esforço.
A comunidade de profissionais reunida no âmbito da RBChina chama a atenção da sociedade brasileira e de seus representantes eleitos para a necessidade de cultivar e aprofundar uma parceria de amplo escopo entre Brasil e China. Um relacionamento nesses moldes com um dos principais atores da cena internacional é coerente com a melhor tradição da política externa brasileira, caracterizada pelo universalismo, pelo equilíbrio e pela independência, e contribui de forma inequívoca para a promoção do interesse nacional.
Como grupo de estudiosos e profissionais atuantes nesse campo, assumimos o compromisso de produzir conhecimentos úteis para a identificação de oportunidades, para a solução de desafios comuns, para o fortalecimento da relação entre Brasil e China e para o entendimento entre os nossos povos. É preciso investir no conhecimento mútuo, e, nesse sentido, o Brasil deve comprometer-se a ampliar sua capacidade de construir uma visão brasileira da China e de sua diversidade, visando ao fortalecimento dos laços de confiança mútua e cooperação. A multiplicação das oportunidades para intercâmbios de estudantes, pesquisadores e profissionais em geral, bem como as oportunidades de contato com a língua e a cultura chinesas nas universidades brasileiras, são elementos centrais nessa construção.
巴西中国研究网(RBChina) 创立于2018年,旨在系统性深化对中国以及中巴关系的讨论和学术产出,强化国际合作。RBChina依靠来自各个领域接近400名专业人士来实现其宗旨。2023年的10月24日至26日,巴西中国研究网将在位于圣保罗州圣贝尔纳多-杜坎普的巴西联邦ABC大学举办第六届全国研讨会。
有鉴于纷繁复杂的国际局势带来的挑战及巴西新政府带来的深化中巴战略伙伴关系的机遇,巴西中国研究网的成员认为在路易斯·伊纳西奥·卢拉·达席尔瓦总统3月访华之际分享其对于中巴双边关系和两国国际角色的观点是极其重要的。以下是我们的见解:
自2009年以来,中国一直是巴西最大的贸易伙伴。2022年巴西同中国的贸易顺差达618亿美元。除此之外,中国也是巴西最重要的投资者之一,在工业领域注资超过700亿美元。
虽然如此,双边关系在过去四年却被强烈的敌意所笼罩。尽管经贸数字不断攀升,但真正加强和深化在拥有广泛潜力的教育、科学、环境、科技、文化政治和经济领域的实际行动却少之又少。
亡羊补牢势在必行。但除了双边关系正常化之外,巴西政府更应当转变视角,将中国视为其可持续化转型的政策伙伴,看到中国在协助巴西应对国际大变局方面的潜力。一个例子是中国在巴西的可持续性再工业化进程的潜在贡献:技术转移或者科技共同研发;在增加经济结构复杂度、创造就业并减少温室气体排放的领域进行投资,并助力巴西融入到全新的全球产业链之中。现在正是思考中巴经济和科技伙伴中长期关系的时机,创立能够连结中国资本和巴西自主科研能力的科技创新中心就是很好的举措之一
在国际主要多边机构备受质疑、贸易保护主义抬头、新冠疫情大流行和乌克兰战争的国际背景下,全球经济增长正面临严峻挑战。正因如此,应珍视并重申支持多边主义和通过对话解决争议的伙伴关系。中国和巴西作为多边主义和对话解决争议机制的坚定捍卫者,其立场在联合国和世界贸易组织改革议程中尤其关键。
中巴两国领导人卢拉总统和习近平主席摈弃了日益严重的中美对抗所体现的零和思维,在许多问题上有着相似的立场,都认为国际秩序应当建立在全新的人类发展模式的基础之上,必须消除贫困,实现社会共同富裕和人与自然和谐共生。在卢拉总统领导下,巴西有望能将当前面对的国际挑战转变为连接世界大国、新兴及发展中国家桥梁的机遇。在此背景下,双方应寻求共同解决方案,为加快实现世界2030年可持续发展目标找到必要的 资金。实现的金砖国家新开发银行(NBD)和亚投行(AIIB)的有效联动将是实现这一目标的有力工具。
巴西中国研究网在其框架下创建的职业社群让巴西社会和政治家们注意到对加强和深化中巴伙伴关系的必要性。同中国这样的世界主要大国建立良好关系符合巴西一贯注重普遍主义、均衡和独立的优良外交传统,也毋庸置疑将促进巴西的国家利益。
作为集结该领域专家学者的研究网,我们致力于为发现双边合作机遇、解决双边共同挑战、强化中巴关系和人民互信提供有效见解。考虑到不断深化双边了解的必要性,巴西应坚持拓展其对华视野、深刻认识中国多样性并强化双边互信合作。对巴西而言,不断丰富双方学生、学者和专家交流学习并在巴西大学内创造更多接触汉语、中国文化的机会将是实现这一过程的核心关键。
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